Os Três Mosqueteiros (2011)
Mais uma versão de Os Três Mosqueteiros (The Three Musketeers) - grandes obras, grande número de adaptações. Mas essa daqui é diferente; e isso infelizmente não é uma coisa boa. É um filme de ação típico, com muitas lutas e, obviamente, muita ação. Além disso, tem um ritmo até bacana. E os elogios acabam por aí. O elenco já chega destruindo os personagens do tão aclamado Alexandre Dumas, passando para um enredo falho e terminando em um desastre total. Orlando Bloom no papel do Duque de Buckingham e a completa destruição da imagem do rei da França foi o fim. O enredo sofre algumas alterações, o que é normal e quase aceitável na maioria dos casos, afinal são adaptações. Aqui temos umas mudanças condenáveis, mas perto da visão geral que os personangens causam, é irrelevante.
O filme começa normalmente, chega até a fazer algumas promessas. O garoto D'Artagnan não surpreende em sua atuação, sempre com um ar de arrogância, mas ainda assim passa. Ele segue para Paris almejando se tornar mosqueteiro, e naturalmente arranja confusão por onde passa. Primeiro quase é morto por Jussac, salvo pela também deplorável Milady, que se torna aqui uma verdadeira agente dupla, fazendo acrobacias e lutando bravamente como qualquer mosqueteiro. Depois ele esbarra com cada um dos mosqueteiros, marcando duelos seguidos com todos os três. Claro que eles não chegam a se enfrentar - ao invés disso eles acabam com os quarenta guardas que aprecem para apartá-los. Os mosqueteiros são provavelmente os que melhor atuam no filme. Athos é um homem bem mais amargo nessa versão, Porthos é o perfeito brutamontes e Aramis é bem como o Aramis original, mesmo. Essa cena também introduz Constance Bonacieux, uma jovem um tanto arrogante, bem diferente da doce Constance a que estamos acostumados - achei engraçado o modo como ela simplesmente dispensa D'Artagnan e subitamente o procura na hora de necessidade, depois de uma bela escrachada de "não te quero, garoto do interior".
Os três mosqueteiros se mostram falidos e obsoletos, sem qualquer prestígio nas mãos do pior rei que eu já vi em toda a minha vida. Luís XIII é um rapaz mimado e cheio de vontades, que só pensa em estar na moda. As cenas de seus ataques porque perde um jogo de xadrez ou porque seus estilistas não tinham feito suas roupas de cor azul são tão desnecessárias e tão péssimas dentro do filme que ainda me surpreendo. A rainha já tem um papel mais sóbrio, e é apresentada como uma garota sensata e educada.
Milady e os três mosqueteiros estariam atrás de uma escritura contendo os detalhes a respeito do dirígível projetado por Leonardo da Vinci no início do filme. Depois de consegui-lo, porém, a traiçoeira agente dupla se revela e passa para o lado de Buckingham, aqui tão inimigo dos mocinhos quando Richelieu (que não está nada mal em sua atuação).
O curso do filme segue mais normalmente, com as joias da rainha sendo roubadas, o quarteto de amigos indo recuperá-las e D'Artagnan se mostrando heroico. O final talvez fosse melhor se o filme não estivesse já tão desgraçado - os dirigíveis de Buckingham chegando para atacar a França, uma cena interessante e que trouxe um desfecho legal para um filme simplesmente horrível.

"Você é imprudente, arrogante, impetuoso, provavelmente estará morto até o anoitecer, mas eu gosto de você, garoto."
Diretor: Paul W. S. Anderson
Elenco: Logan Lerman, Milla Jovovich, Orlando Bloom, Matthew Macfadyen, Christoph Waltz, Luke Evans, Ray Stevenson, Helen George, Christian Oliver, Til Schweiger, Markus Brandl, Dexter Fletcher, Jane Perry, Mads Mikkelsen, Andy Gathergood, Ben Moor, Susanne Wolff, Freddie Fox, Carsten Norgaard, Isaiah Michalski, Gabriella Wilde, James Corden, Juno Temple, Nina Eichinger, Max Cane, Gode Benedix, Hannes Wegener, Iain McKee, Gudrun Meinke, Florian Brückner
Produção: Robert Kulzer, Jeremy Bolt, Paul W. S. Anderson
Roteiro: Andrew Davies, Alex Litvak
Fotografia: Glen MacPherson
Trilha Sonora: Paul Haslinger
Duração: 110 min.
Ano: 2011
País: Alemanha
Gênero: Aventura
Distribuidora: PlayArte
Estúdio: Impact Pictures
Classificação: 10 anos