
"Então, tendo colocado minha solução diante dos senhores, tenho a honra de desligar-me do caso."
Assassinato no Expresso do Oriente - Agatha Christie
Depois de ler praticamente todos os livros de Conan Doyle, autor de Sherlock Holmes, experimentei Agatha Christie. Tão diferentes e tão maravilhosos, cada um a seu modo; Hercule Poirot é um detetive mais sociável e, portanto de leitura mais fácil, mais gostosa até que o calculista Holmes. Mas comparações aqui não encaixam bem - Poirot é Poirot, Holmes é Holmes.
Assassinato no Expresso do Oriente é um dos livros mais gostosos do detetive Poirot, com uma trama complicada, que confunde e não deixa pistas diretas que tornem fácil prever o final do livro; um quebra-cabeças impecável. Os personagens também tem toda uma caracterização interessantíssima, misturando histórias mas agindo como num teatro perfeito. Hercule Poirot, detetive particular e oficial aposentado da polícia belga, toma o Expresso Taurus para Istambul. O súbito assassinato dentro desse trem une e separa todos aqueles que compartilham esse ambiente, e o monsieur Poirot é escalado para resolver o caso.
Ratchett, um homem um tanto perverso e nada amigável, é assassinado a sangue frio durante a noite, vítima de 12 facadas, com a porta de sua cabina trancado por dentro. O assassino só poderia ser alguém do trem, visto que não teria como ele ter escapado. A questão era descobrir o culpado do crime, um mistério digno de Poirot que por acaso também está nesse mesmo trem.
Cada um dos personagens tem uma história a apresentar, e no fim todas se encaixam para fornecer ao livro um desfecho surpreendente. MacQueen, Masterman, Coronel Arbuthnot, Mrs. Hubbard, Conde e Condessa de Andrenyi, Princesa Dragomiroff, Miss Debenham, Miss Schmidt, Antonio Foscarelli, Miss Ohlsson, Pierre Michel e Hardman - treze figuras de diferentes origens que não deveriam nunca ter se conhecido, envolvidas pelo assassinato de Ratchett.
Após a morte, é descoberto que a vítima era, na verdade, um conhecido assassino, Cassetti, responsável pela morte de Daysi Armstrong. A partir do momento dessa descoberta, fica evidente que a morte de CassettiRatchett está relacionada a esse caso de homicídio passado.
O assassino planta pistas falsas, e os depoimentos dos passageiros parecem não levar a lugar nenhum - eles sempre coincidem uns com os outros, sem aparentes falhas. Poirot, no entanto, acaba desvendando o caso e revelando a cada passageiro e a todos ao mesmo tempo qual a sua participação nesse crime. Não vou contar qual a participação de cada um porque esse é um livro de mistério, e revelar todo esse mistério é acabar com a graça da leitura. Mas o final é realmente excepcional, isso é garantia.